Muitos passaram a conhecer Frances Mayes após o lançamento do filme Sob o sol da Toscana. Eu já havia lido seus livros e, portanto, também já conhecia o fato de que a autora, após um divórcio muito sofrido, decidiu recomeçar a vida na Itália. Comprou uma casa do século XIII (Bramasole) nas montanhas próximas à cidade de Cortona, na Toscana.
Gosto muito dos livros da autora porque eles sempre nos passam a ideia que não importa o quanto soframos ou quanto desilusões tenhamos é sempre possível recomeçar. E para quem acha que é "um filminho água com açúcar" classificação utilizada por um colega, fica aqui o sentido metafórico tanto do livro quanto do filme. O recomeçar pode se dar com a mudança para um outro país ou mudando a maneira de viver e de encarar as prioridades.
Em janeiro de 2010 mais uma vez voltei à Toscana. Me estabeleci em Firenze, cidade que apresenta 1/5 de todas as obras de arte do mundo ocidental e ainda por cima foi o centro do Renascimento. Como chovesse muito e várias cidades que estavam em meus planos estivessem debaixo d´àgua, resolvi partir para explorar as cidades localizadas no alto das montanhas. E foi assim que visitei Cortona, a cidade escolhida por Frances Mayes.
De Firenze é possível pegar o trem e saltar na estação de Camucia. Dessa cidade toma-se um ônibus que sobe a montanha a uma velocidade inacreditável e nos deixa na Piazza Garibaldi, um dos portões de entrada da cidade de Cortona.
A cidade é encantadora e eu acredito que apresente apenas uma rua que não tenha subidas e descidas. Nas demais ruas é escalar subidas absurdas e despencar em descidas assustadoras. Ao caminhar por tais ruas pude observar pessoas idosas que caminhavam com muito vagar, mas que mostravam estar em melhor preparo físico que eu.
Ao entrar na loja da cerâmica típica da cidade, a proprietária muito simpática me perguntou o motivo de eu ter escolhido Cortona para visitar. Então começamos a falar sobre Frances Mayes, seu livro e o filme. Ela me informou que o número de turistas aumentou muito após o lançamento do filme. E que em muitos dias de verão é possível se deparar com Frances Mayes passeando ou fazendo compras pela cidade. Apesar de estar com um dos livros da autora em minha mochila para o caso de encontrá-la, não tive tal sorte. A proprietária então me indicou a direção de Bramasole e eu, desejando aproveitar ao máximo aquele dia, passei a caminhar por uma estrada de saibro ladeada de ciprestes (árvore típica da Toscana). Cerca de dois quilômetros adiante me deparei com o muro de pedras e o jardim, possível observar pela grade do portão. Lá estava! Bramasole. A casa escolhida pela autora para iniciar um novo capítulo em sua vida e que também serviu de cenário para o filme.
Retornei à cidade e, enquanto esperava o horário do ônibus que me levaria ao anoitecer de volta à camucia e de lá de trem para Firenze, coletei sementes das belas árvores que fazem parte do jardim público da cidade.
Um dia para guardar no coração!

E citando um fragmento do livro Um ano de viagens:
"E o prazer continua. Vou levar algumas receitas para casa, livros para minha mesinha de cabeçeira, um novo interesse por geleias de frutas e um desejo de reler o livro de Kate Simon sobre a história dos Gonzaga. Vou esperar ansiosa as manhãs de inverno com café, meditando sobre meus dois livros gigantescos de afrescos, devorando todos os detalhes de Mantegna e, é claro, preservarei uma centena de imagens do lugar visitado para saborear nas noites de insônia."
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